II DO ADVENTO: «…remissão dos pecados.» - Ano B
Apregoavam pela cidade, pela aldeia, por todos os cantos.
Gritavam com todas as forças… e todos vinham comprar o jornal!
Já não se grita na rua. Só os loucos é que o fazem…
São acusados de perturbar a ordem e o silêncio da polvorosa diária, aniquila a voz dos sem voz.
Já não há ardinas! Já não há quem anuncie as boas notícias!
Porque guardamos e escondemos o melhor que nos é dado?
Em cada um de nós há uma voz
que é amarfanhada pelo peso da cobardia, que qualifica a humanidade inteira.
Pedimos incessantemente que o Bom Deus se revele.
Mas, afastamo-nos do pobre, porque cheira mal e as suas roupas estão sujas.
A humildade e uma vida Santa não nos satisfaz…
Afirmar, com alegria, que somos Baptizados é algo do passado!
O 2º domingo do Advento, presenteia-nos com a bela figura de João, O Baptista.
Aquele que entoava no deserto a vontade do Pai e fazia da pele de camelo,
uma veste rica em Esperança, em Fé e em Caridade.
A Voz grita, permanentemente: «Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas».
O nosso coração tem de ficar preparado
para aceitar Aquele que não somos dignos de desatarmos as correias das sandálias.
Hoje, tu és a Voz que está em silêncio…
Não temas abrir a tua boca para anunciar que o Menino Deus nascerá.
Dentro do teu íntimo urge a vontade insaciável de te encontrares com o Salvador.
Amarra aquele pecado maior: o da omissão!
A desculpa pré-definida que te ecoa na mente: “Não tenho tempo!”
deve ser apagada do teu bloco de notas.
A introspeção pessoal: “Não sou capaz!”
tem de ser dominada pela certeza absoluta de que Deus confia em ti.
Tu és a VOZ deste tempo surdo e mudo para a Caridade.
Que o fogo do Espírito Santo incendeie a Boa Nova
no coração dos que andam pelos caminhos tortuosos da mentira…
Que os vales da inveja sejam alteados…
Que os montes da discórdia sejam abatidos…
Que as colinas do orgulho desmedido sejam aniquiladas…
Aceita a Caridade que João Baptista tanto apregoa
e faz a tua vida um pregão sem fim!
Hoje, o ardina sou eu… és TU!
Vamos endireitar as veredas.
Liliaana Dinis