Uma iniciativa do CUM, em colaboração com os Q'78.
Partilha das paróquias de Alvados-Mirade Aire-São Bento -actividades paroquias -textos de formação e informação -eventos vários -fotos
DESTAQUE
sábado, 22 de setembro de 2018
XXV DOMINGO COMUM B (23 de Setembro)
Acolher Deus numa
criança: O Evangelho num abraço
«Chegaram
a Cafarnaúm e, quando estavam em casa, Jesus perguntou: “Que discutíeis pelo
caminho?” Ficaram em silêncio porque, no caminho, tinham discutido uns com os
outros sobre qual deles era o maior. Sentando-se, chamou os doze e disse-lhes:
“Se alguém quiser ser o primeiro, há-de ser o último de todos e o servo de
todos.” E, tomando um menino, colocou-o no meio deles, abraçou-o e disse-lhes:
“Quem receber um destes meninos em meu nome é a mim que recebe; e quem me
receber, não me recebe a mim mas àquele que me enviou”.» (Marcos 9, 33-37)
Jesus
coloca os apóstolos, e nós com eles, sob o juízo desse limpidíssimo e
revolucionário pensamento: quem quer ser o primeiro seja o último e o servo de
todos. De si mesmo oferece três definições, todas em contramão: último,
servidor, criança.
Quem
é o maior? Sobre isto já os doze tinham falado ao longo do caminho. E eis a
maneira magistral de Jesus gerir as relações: não condena os seus, não os
julga, não os acusa, pensa antes numa estratégia para os educar. E fá-lo com um
gesto inédito: um abraço a uma criança. O Evangelho num abraço, que abre toda
uma revelação: Deus é assim, mais que omnipotente, “omniabraçante” (K.
Jaspers).
Jesus
coloca no centro não Ele próprio, mas o mais impotente e desarmado, o mais
indefeso e sem direitos, o mais frágil, o mais amado, uma criança. Se não vos
tornardes como crianças… Jesus desarma-nos e liberta o nosso lado brincalhão,
acriançado. Render-se à infância é render-se ao coração e ao sorriso, aceitar
largar a sua mão na mão do outro, abandonar-se sem reservas (C. Cayol).
Propor
uma criança como modelo do crente é fazer entrar na religião o inédito. O que é
uma criança? A ternura dos abraços, a emoção das corridas, o vento no rosto…
Não sabe de filosofias nem de leis. Mas conhece como ninguém a confiança, e
confia-se. Jesus propõe-nos uma criança como pai, no nosso caminho de fé. «A
criança é o pai do homem» (Wordsworth). As crianças dão ordens ao futuro.
E
acrescenta: quem a acolhe, acolhe-me! Dá um passo em frente, enorme e inacreditável:
indica a criança como sua imagem. Deus como uma criança! Vertigem do
pensamento. O Rei dos reis, o Criador, o Eterno numa criança? Se Deus é como
uma criança, significa que tem de ser protegido, cuidado, alimentado, ajudado,
acolhido (E. Hillesum).
Acolher,
verbo que gera o mundo novo como Deus o sonha. O nosso mundo terá um futuro bom
quando o acolhimento, tema escaldante hoje em todas as fronteiras da Europa,
for o nome novo da civilização; quando acolher ou rejeitar os desesperados, os
pequenos, quer seja nas fronteiras ou à porta da minha casa, for considerado
acolher ou rejeitar o próprio Deus.
A
quem é como elas pertence o reino de Deus. As crianças não são melhores do que
os adultos, também são egocêntricas, impulsivas e instintivas, por vezes até
cruéis, mas são mestras na arte da confiança e do espanto. Sabem viver como os
lírios do campo e os pássaros do céu, curiosas por aquilo que traz cada novo
dia, prontas para o sorriso quando ainda não pararam de enxugar as lágrimas,
porque se confiam totalmente. Ao Pai e à Mãe.
A
criança traz a festa para o quotidiano. Ninguém ama a vida mais apaixonadamente
do que uma criança.
Acolher
Deus como uma criança: é um convite a fazer-se mãe, mãe de Deus. O modelo de fé
será então Maria, a Mãe, que na sua vida não fez provavelmente mais nada de
especial a não ser isto: acolher Deus numa criança. E com isso fez tudo. (Ermes Ronchi)
sexta-feira, 21 de setembro de 2018
segunda-feira, 17 de setembro de 2018
REFLEXÕES SOBRE A BUSCA DE DEUS
COMO ESCUTAR DEUS E JESUS!
Deus não se escuta estando no sofá.
Compreendeis? Sentado, a vida cómoda, sem fazer nada, e quero escutar o Senhor.
Asseguro-te que ouvirás qualquer coisa menos o Senhor. O Senhor, com a vida
cómoda, no sofá, não se escuta. Permanecer sentados, na vida (…), cria
interferência com a Palavra de Deus, que é dinâmica. A Palavra de Deus não é
estática, e se tu estás estático não podes ouvi-lo. Deus descobre-se
caminhando. Se tu não estás a caminho para fazer alguma coisa, para trabalhar
para os outros, para levar um testemunho, para fazer o bem, nunca escutarás o
Senhor. Para escutar o Senhor é preciso estar a caminho, não esperando que na
vida aconteça magicamente alguma coisa. (…)
Deus
detesta a preguiça e ama a ação. Colocai bem isto no coração e na cabeça: Deus
detesta a preguiça e ama a ação. Os preguiçosos não podem herdar a voz do
Senhor. Entendido? Mas não se trata de mexer-se para estar em forma, de correr
todos os dias para treinar-se. Não, não se trata disso. Trata-se de mexer o
coração, meter o coração a caminho. (…) Se queres ouvir a voz do Senhor, põe-te
a caminho, vive em procura. O Senhor fala a quem está à procura. Quem procura,
caminha. Estar em procura é sempre saudável; sentir-se já chegados, sobretudo
para vós, é trágico. Entendestes? Nunca vos sintais chegados, nunca. Gosto de
dizer, retomando o ícone do sofá, que é mau ver um jovem reformado. É mau! Um
jovem deve estar a caminho, não na reforma. A juventude impele-te a isso, mas
se tu te reformas aos 22 anos, envelheceste demasiado cedo, demasiado cedo.
Jesus
dá-nos um conselho para escutar a voz do Senhor: «Procurai e encontrareis». Mas
onde procurar? Não no telemóvel, como disse: por aí as chamadas do Senhor não
chegam. Não na televisão, onde o Senhor não tem qualquer canal. Nem na música
ensurdecedora e nos efeitos da droga que entontece: aí a linha com o céu é
interrompida. O Senhor também não é para ser procurado à frente do espelho –
este é um perigo, ouvi bem: o Senhor não é para ser procurado à frente do
espelho –, onde ao estar-se só se arrisca a ficar desiludido por aquilo que se
é.
Que
amargura vós sentis, às vezes, que conduz à tristeza: «mas eu quem sou?»; «que
faço?»; «não sei o que fazer» - e isto conduz à tristeza. Não. Em caminho,
sempre em caminho. Não o procureis no vosso quartinho, fechados em vós próprios
a repensar no passado ou a vaguear com o pensamento num futuro ignoto. Não,
Deus fala agora na relação. No caminho e na relação com os outros. Não vos
fecheis em vós próprios, confiai-vos nele, confiai tudo a Ele, procurai-o na
oração, procurai-o no diálogo com os outros, procurai-o sempre em movimento,
procurai-o em caminho.
Compreendereis
que Jesus acredita em vós mais de quanto vós acreditais em vós próprios. Isto é
importante: Jesus acredita em vós mais do quanto vós acreditais em vós
próprios. Jesus ama-vos mais do que quanto vós vos amais. Procurai-o saindo de
vós mesmos, em caminho: Ele espera-vos. Fazei grupo, fazei amigos, fazei
caminhos, fazei encontros, fazei Igreja assim, caminhando. O Evangelho é escola
de vida, o Evangelho leva-nos sempre ao caminho. Creio que este é o modo de
preparar-se para escutar o Senhor.
E
depois ouvireis o convite do Senhor a fazer uma coisa ou uma outra. No
Evangelho vemos que a alguém diz «segue-me», a outro diz «vai e faz isso». O
Senhor far-te-á ouvir o que quer de ti, desde que não estejas sentado, que
estejas em caminho, que procures os outros e procures fazer diálogo e
comunidade com os outros, e sobretudo que tu rezes. Reza com as tuas palavras,
com aquilo que te vem do coração. É a oração mais bela. Jesus chama-nos sempre
a lançarmo-nos ao largo: não te satisfaças em olhar para o horizonte da costa,
não, avança. Jesus não quer que fiques no banco, convida-te a descer ao campo.
Não te quer nos bastidores a olhar os outros ou na tribuna a comentar, mas
quer-te em cena. Mete-te em jogo! Tens medo de fazer figuras tristes? Fá-las,
paciência. Todos fizemos tantas, tantas. Perder a face não é o drama da vida. O
drama da vida é antes não nos metermos de cara: esse é que é o drama, é não dar
a vida. É melhor cavalgar os sonhos belos com algumas figuras tristes do que
tornar-se reformados pelo viver sossegado – barrigudos, cómodos. É melhor bons
idealistas do que realistas preguiçosos; é melhor ser D. Quixote do que Sancho
Pança.
Outra
coisa que vos pode ajudar, disse-o de passagem mas quero repeti-lo: sonhai em
grande. Sonhai em grande, à grande. Porque nos grandes sonhos encontrarás
muitas, muitas palavras do Senhor que te está a dizer alguma coisa.
Caminhar, procurar, sonhar.
Um último verbo que ajuda para escutar a voz do Senhor é servir, fazer alguma coisa pelos outros. Sempre para os outros, não dobrado sobre ti próprio, como aqueles que têm por nome “eu, mim, comigo, para mim”, aquela gente que vive para si mesma mas no fim acaba como o vinagre, tão mau… Papa Francisco
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