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sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

O BURRICO DE MARIA (IV Domingo do Advento)... e se ele falasse?

Pedi emprestadado ao meu bom amigo Padre Vitor Gonçalves esta bela descrição do evangelho do IV domingo do Advento. Não sabes qual é o texto? Procura e lê (mas lê também nas entrelinhas) :Lc 1,39-47

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DOMINGO IV ADVENTO Ano C

Eu sou o burrinho que levou Maria (e o Deus Menino no seu seio)
até à casa da sua prima Isabel, que de tão avançada idade esperava também um filho.
É verdade que nem eu, nem José, somos referidos por Lucas no seu evangelho,

mas todos os artistas nos convocaram para tão bendita viagem:

ia lá agora Deus deixar ir sozinha a mãe do seu Divino Filho,

por aqueles montes e vales, e tão apressadamente como ela desejava ir?

Foi José que me veio buscar ainda o sol não tinha nascido,

e me confidenciou o desejo de Maria em fazer aquela viagem.

Fiquei todo contente, e ainda mais quando ele me disse que ela esperava um bebé,

que havia de ser a alegria para todo o mundo.

Não imaginam a leveza de Maria sobre o meu dorso;

nem sei bem se era eu que a levava ou se me levava ela (e o seu Menino)

por aqueles caminhos que me pareceram tão suaves.

De ternura e cuidado eram as poucas palavras de José,

e Maria encantada, e cantando por vezes, antecipava a alegria do encontro,

como se Deus o desejasse também desde o princípio dos tempos.

Não serei o melhor cronista desta viagem,

mas não consigo calar a emoção daquele encontro das duas mães:

uma, de muitos anos, cujo seio estéril tinha florescido,

outra, jovem, em cujo seio virginal Deus tinha encarnado;

a primeira, como o resto fiel do povo da Aliança,

a segunda, como a primeira da nova humanidade;

e no seio de Isabel o precursor do Messias a saltar de alegria

ao reconhecer a vinda do seu Senhor no seio de Maria.

Zacarias e José a tudo assistiam com discrição e espanto,

e eu pus-me a zurrar de contentamento.

Tudo pareceu rápido e eterno.

As palavras de Isabel a saudarem Maria, com o sabor fresco das Escrituras,

naquele elogio que se ouviria ao longo dos tempos;

e as palavras de Maria a cantar as maravilhas de Deus,

com o sabor antecipado dos milagres de seu Filho,

os que Ele faria e os que iria ensinar-nos a fazer,

e tudo a entrar também pelas minhas orelhas de burro

que me dava ganas de dançar.

E o mais, que vos conte o Espírito Santo!