XIV TC:
A narração evangélica proposta para o Décimo Quarto Domingo (Ano C) começa por destacar o ponto de partida da iniciativa (ou da conversão) missionária: «Designou o Senhor setenta e dois discípulos e enviou-os dois a dois».
Saboreai e vede como o Senhor é bom:
feliz o homem que n’Ele se refugia.
Salmo 33, 9
Salmo 33, 9
Os nossos sentidos, nas situações mais básicas do quotidiano, têm em si a possibilidade de nos abrir à descoberta da vida e também à presença de Deus. Hoje, talvez seja necessário uma atenção maior, uma «educação dos sentidos» para ver a bondade divina presente no mundo, saborear Deus na vida. «Porquê saborear? O sabor revela, ilumina, dissemina-se por dentro de nós até tornar-se vida» (D. José Tolentino Mendonça).
«Designou o Senhor setenta e dois discípulos e enviou-os dois a dois»
A atual preocupação sobre a ineficácia da transmissão da fé às novas gerações pode encontrar um caminho válido na redescoberta dos sentidos como ponte para o encontro pessoal com Jesus Cristo. Antes, parecia não ser necessário fazer nada de especial para que a fé estivesse presente na vida social e familiar: respirava-se Deus. Agora, parece que nos falta a sabedoria para retomar esse ambiente.
A narração evangélica proposta para o Décimo Quarto Domingo (Ano C) começa por destacar o ponto de partida da iniciativa (ou da conversão) missionária: «Designou o Senhor setenta e dois discípulos e enviou-os dois a dois».
As primeiras indicações não são nada agradáveis. Com estes pressupostos quem é que estaria interessado em avançar? Aprendamos a redescobrir a fragilidade da fé como chave para o sucesso: débil, sem arrogância, transforma-se numa fé forte que converte os corações.
A certeza da oposição e a simplicidade do evangelizador provocam uma única atitude possível: levar a paz, oferecer a paz.
Há que conhecer e amar a cultura das pessoas. Há que trabalhar as amizades. Então, é possível anunciar: «Está perto de vós o reino de Deus».
«Os enviados são poucos relativamente à imensidão da messe, são providos de poucos meios e de ainda menos certezas: pobreza, minoria, precariedade não são obstáculos para lamentar, que impeçam a eficácia da missão, mas são as condições postas por Jesus para a missão evangélica. […] Não basta proclamarem o Reino de Deus, é preciso serem homens de Deus; não basta anunciar a paz, têm de ser operadores de paz» (Luciano Manicardi).
Nós somos como os primeiros setenta e dois discípulos missionários. No final de cada eucaristia, somos enviados: «Ide em paz e o Senhor vos acompanhe». Quando voltamos trazemos a mesma alegria contada pelo evangelista?
Orar
Há dois verbos que Jesus Cristo confia aos discípulos: pedir (rezar) e ir (enviar). Os que são enviados recebem também o convite a rezar para que aumente o número dos missionários. Mantém-se o desafio: «Não podemos ficar tranquilos, em espera passiva: é necessário passar de uma pastoral de mera conservação para uma pastoral decididamente missionária». A autêntica e eficaz conversão pastoral acontece quando se unem a oração e a missão. Discípulos missionários apoiam-se firmemente na oração.