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PÁSCOA 2023 - cartaz e pensamento

 

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

CHIARA LUCE BADANO...uma 'santa' com pés de barro!

É a 'santos com pés de barro', com brasas a fumegar, nem que seja ainda debaixo de algumas cinzas, que o nosso bispo (cardeal) de Leiria-Fatima, se dirige ao jovens do nosso tempo, das nossas terras...
Ainda neste dia, 29 de Outubro, eis um feliz exemplo: comemoramos Beata Chiara Luce, uma jovem bem jovem que pode bem ser 'luz' (como o seu nome indica) para os outros jovens. Leiam:
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Beata Chiara Luce Badano

Chiara Luce Badano nasceu a 29 de Outubro de 1971, em Sassello, uma pequena cidade nos Apeninos. Era a primeira e única filha de Rogero Badano, camionista e de Mª Teresa Caviglia, operária, casados há 11 anos sem conseguirem ter filhos. O pai pediu a Nossa Senhora da Rocha a graça da paternidade e viu o seu pedido atendido. A mãe testemunhava que “mesmo com essa alegria imensa compreenderam logo que ela não era somente sua filha, mas que era antes de tudo, filha de Deus". A mãe deixou de trabalhar para cuidar da filha.
 Chiara revelou-se desde cedo uma criança inteligente, viva, desportiva e muito comunicativa. Era conciliadora, mas não abdicava de defender as suas ideias. Recebeu desde cedo uma sólida educação cristã, graças aos pais, mas também à sua integração na comunidade paroquial, cujo pároco lhe dá fascinantes aulas de catequese, e ainda pela influência das amizades que Chiara constrói.
 
Aos 9 anos participa num encontro das “Gen 3” do movimento Foccolare. Aí conhece o ideal da unidade. O Evangelho passa a ser algo dinâmico na sua vida. E decide dizer sempre Sim a Jesus. Torna-se a amiga dos últimos. Deseja partir um dia para África para “curar os meninos”.
 
No dia da sua primeira Comunhão recebe um livro com os Evangelhos. Ela própria comenta:
 
"- Como para mim foi fácil aprender o alfabeto, também deve ser fácil viver o Evangelho”.
 
Continua os seus estudos de forma normal, sendo uma boa aluna. Frequenta o liceu clássico. Participa nas actividades do Movimento Foccolare. Mas um dia, ao jogar ténis, tinha então 17 anos, sente uma dor aguda no ombro. Inicialmente nem ela nem os médicos dão grande importância ao facto. Mas as dores continuam e são necessários exames mais profundos. O diagnóstico é devastador: sarcoma osteogénico com metástese, um dos tipos mais graves e dolorosos de tumor.
 
Chiara acolhe a notícia com coragem: - Eu vou vencer! Sou jovem.
 
Os tratamentos começam e durante eles o altruísmo de Chiara chama a atenção. Sai da cama par ajudar uns e outros. Certo dia foi uma toxicodependente deprimida que a fez saltar do leito, apesar das intensas dores. Enfrenta depois duas operações. A quimioterapia provoca a queda do cabelo o que a faz sofrer bastante. Perante cada etapa do sofrimento vai repetindo: - Por ti, Jesus!”
 
A um amigo, que partia para África, ela dá todo o dinheiro que havia economizado, dizendo :
 
- Para mim não serve. Eu tenho tudo!
 
Ao longo da doença nunca se revolta. Passa a aceitar todos os padecimentos, dizendo a Jesus: - Se tu o queres, eu também o quero, Jesus!
 

No dia 19 de Julho de 1989, enfrenta uma forte hemorragia e quase morre. Nessa ocasião diz:
 
- Não derramem lágrimas por mim. Eu vou para Jesus. No meu funeral, não quero pessoas que chorem, mas que cantem forte.
 
E com a mãe prepara esse acontecimento chamando-lhe “A festa das núpcias” . Explica à mãe como quer ser vestida, escolhe as músicas os cantos e as leituras para a ocasião. E recorda-Lhe : - Quando me estiveres a preparar, mamã, deves repetir: "Agora Chiara Luce a está a ver Jesus”.
 
Não pede mais a saúde, mas a capacidade de fazer a vontade de Deus até ao fim.
 
No Domingo 7 de Outubro de 1990, na companhia dos pais, aconteceu o momento do encontro com o seu “Esposo”. Duas mil pessoas estiveram presentes no funeral. Fala-se de paraíso, de alegria, de escolha radical. Na homilia, o bispo que presidia diz: - Eis o fruto de uma família cristã e de uma comunidade de cristãos.
 
Os que a conheceram sentem-se impulsionados a viver com radicalidade o Evangelho. É uma santidade contagiosa.
 
No dia 25 de Setembro de 2010, foi beatificada em Roma pelo Papa Bento XV


TERMINOU...PARA COMEÇAR! (O Sínodo sobre os jovens)

Terminou o 'Sínodo sobre os jovens'! Agora é o tempo da difusão da mensagem que dali nos advém e da qual certamente teremos bom conhecimento. Agora é, por isso, o tempo de não ficar 'quietos', jovens e adultos que acreditam no 'futuro', que se acercam de Jesus, que desejam ser protagonistas com muita humildade e muita confiança do tempo e da história que lá vem. Os meios que o mundo nos oferece são fabulosos; só não fica a conhecer quem não quiser, e se não ficarmos paradinhos! Vamos estar atentos e sejamos construtores, também por 'mão própria' e 'coração aberto' aos apelos de Cristo e dos que durante um mês escutaram a voz do Espírito Santo, partilharam ideias, propostas e iniciativas, os que se deixaram interpelar pelo passado, pelo presente e pelo futuro! 
Sejamos difusores, sem 'medos', de notícias felizes - que não sejam fake news, nem puras ilusões - mas sim perspectivas futuras enraizadas na mais feliz notícia que Jesus nos ofereceu: amados por Deus, por um amor que é amor eterno, plenos de dons, demos 'asas' ao coração bom que existe em cada um, para que chegue a todos os corações a mensagem dum futuro risonho e feliz!
Os jovens, embora por vezes sem se aperceberem, são muito amados: por Deus, por Jesus, pela Igreja e por todos. Por vezes, nem sempre, os 'cruzamentos' parecem conduzir a 'estradas sem saída', mas hoje em dia a sinalética - o nosso GPS - tem cada vez mais possibilidades e permite-nos reencontrar a estrada certa para chegar a uma meta que seja feliz! 
Avancemos, seguindo indicações (que são apoio precioso), mas guiando nós próprios - especialmente vós jovens - , com prudência, mas com determinação, porque sabemos por onde vamos!

Comecemos por esta bela ideia de espalhar com os meios disponíveis que temos uma breve nota que nos foi sugerida pelos padres sinodais:

https://www.youtube.com/watch?v=nVq7aFqYnoM&t=15s



domingo, 28 de outubro de 2018

XXX DOMINGO COMUM (28 Outubro 2018)


«Que queres que Eu te faça?»

Maravilhas…
Eis o que todos queremos ter!
O que tenho como Maravilha para mim pode não ser, assim tão Maravilhoso, para os outros…
Mas, quando TODOS afirmam: “Que Maravilha!”, ao olharem o mesmo, decerto que esse algo… é Maravilha pura!

Já sentiste aquele sabor agridoce que te satisfaz plenamente, apenas com um grama de doçura e uma pitada de sal?
Já cheiraste aquela maresia intensa, do campo florido, no cume de uma montanha?
Já escutaste aquela melodia de hard rock metálica,tocada por uma Orquestra Clássica, com o Ritmo mais alucinante,
que te leva por locais remotos da tua imaginação?
Já tocaste naquela pedra-pomes que te suaviza até a alma, quanto mais o calcanhar?
Já olhaste fixamente para aquela espiral, que te abandona no início que é o fim e num túnel vertical que é plano?
Nem sabes, pois não? Isso… Isso são Maravilhas!

Jesus é o expoente máximo do realizador destas Maravilhas.
É aquele que nos vem relembrar, o que já deveríamos saber sobre o Nosso Deus:
«Eu sou um Pai para Israel e Efraim é o meu primogénito»
Se somos filhos de um Deus tão maravilhoso, só temos de cumprir a ordem: «Soltai brados de alegria…»
Sem temor, sem lágrimas… com uma gigantesca Esperança em nós próprios…
Porque, Ser Missão é aceitar tudo e derrubar qualquer obstáculo, que na hora é mau e no fim é Maravilha!
Cantemos então com júbilo:
«À ida vão a chorar, levando as sementes; à volta vêm a cantar, trazendo os molhos de espigas.»
e num simples gesto, num humilde trocar de olhares, num sorriso tranquilo…
… a vida terá: Maravilhas sem fim!
Quem poderá aceitar esta alegria de viver?
Cada um de nós, que é Baptizado e tem um Salvador que é «…o sumo sacerdote, escolhido de entre os homens,
é constituído em favor dos homens, nas suas relações com Deus, para oferecer dons e sacrifícios pelos pecados.»
Quem de entre nós quer esta Glória de sofrer pelo irmão? Quem quer viver como O Cristo viveu?
Tu e Eu?! Eis mais uma árdua Maravilha…

Hoje, a liturgia do 30º domingo do Tempo Comum, do Ano B, só poderá ser uma Maravilha!
O caminho que é a nossa vida…
onde o sentido da visão é o mais turvo que possuímos e nos afasta de fazermos o bem,
pois não temos tempo para ver o cego que está ao pé da estrada…
Quem terá piedade de nós, quando quisermos voltar a vislumbrar as Maravilhas da Vida?
O cego de nascença… Aquele que «…atirou fora a capa, deu um salto…» e nos limpou a alma com a sua Fé!

«Mestre, que eu veja».
A este singelo pedido, Jesus jamais desviará o Seu olhar, quanto mais o Seu coração!
A resposta é mais do que uma das sete Maravilhas, é Divinal: «Vai: a tua fé te salvou»

O Senhor da Vida salva e imperativamente ajuda-nos a discernir o que fazer com “essa Salvação”: VAI!
O estar parado… quieto… indeciso… sem rumo… não é propriamente sinónimo de aceitar o que Deus tem para nós:
«Tu és meu Filho, Eu hoje Te gerei» Esta herança abandona-nos no caminho com uma «CORAGEM!»arrebatadora!
Há tanto para fazermos!
Aqui ao lado podemos encontrar um cego que precisa de uma mão para o guiar.
Tu tens essa mão! Tu és luz! Tu és salvação! És Maravilha!
Não fiques com a capa,
nem com a venda invisível nos teus olhos, a ofuscar o mal…
Vai e espalha sementes de Amor, de Paz, de Esperança e de Fé!
Vai… E Segue Jesus no caminho!
Vai! Que Maravilha serás…

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

ALMOÇO DA MORCELA 'MIRENSE' - 11 DE NOVEMBRO

A NÃO PERDER...
sabor único, com muita dose de 'classe' e 'embrulhada' em amizade...


RESERVAS:  junto dos quarentões e no Cartório Paroquial...

sábado, 20 de outubro de 2018

NO DIA MUNDIAL DAS MISSÕES - 21 Outubro 2018

SERVIR, COMO JESUS

Redenção…
Quando há redenção… há Paz, há Justiça e há Amor.
Na Redenção o mar une continentes, une países, une terras, une povos e une corações.
Se a Redenção chegar ao teu peito… Se a Redenção for o teu caminho… Se a Redenção for a tua Missão:
a Paz, a Justiça e o Amor não serão utopia… Serão fortes, poderosos e magnos como o mar!

Não esmaga o mar a rocha e a areia?
Ficará a rocha sem beleza e a areia sem alegria? E o mar? Será maldade e castigo?
O sofrimento não será repartido por ambas as partes?
E o que lhes resta? A Bonança que se ergue apoteoticamente após a tempestade…
«Terminados os sofrimentos, verá a luz e ficará saciado na sua sabedoria.»

A Deus, rogamos neste dia consagrado às Missões:
«Desça sobre nós a vossa misericórdia, porque em Vós esperamos, Senhor.»Esperamos a coragem para aceitarmos partir pelo mar
ao encontro dos que sofrem com a privação de não conhecer a Boa Nova, anunciada pelo Messias.
Esperamos a audácia de ser barquinho de papel nas mãos do Senhor,
para que a vontade do Pai se cumpra, hoje e para todo o sempre!
Esperamos que o Espírito Santo nos transforme a Alma em água pura e santa,
semelhante àquela que nos lavou a fronte, no dia do nosso Baptismo!

E… quando fecharmos os ouvidos à Misericórdia de Deus…
Quando cairmos por terra com todo o sofrimento que atraímos, gratuitamente, à nossa vida…
Que a Esperança venha e, nos erga, com “aquela” Fé inabalável no nosso «sumo sacerdote», que sofreu, 
por cada um de nós, horrores, que «(…) foi provado em tudo, à nossa semelhança, excepto no pecado»
«veio para servir e dar a vida pela redenção de todos.»
Veio para Ser Missão! Nada jamais nos poderá abalar…

Hoje, no 29º domingo do Tempo Comum, do Ano B, a Liturgia interroga-nos:«Que quereis que vos faça?».
MAS, responde-nos: «…quem entre vós quiser tornar-se grande, será vosso servo, 
e quem quiser entre vós ser o primeiro, será escravo de todos.»
O que nos avassala o navegar é a nossa dúbia resposta: «Podemos»Pois é!!! Podemos, mas não queremos! Podemos, mas não fazemos! 
Podemos e conhecemos, mas não colocamos em prática nem vivemos…

Que belo é o mar com toda a sua excelência!
É o exemplo perfeito do Deus misericordioso que habita em mim e em ti!
Tu e eu podemos ser areia… podemos ser rocha! Podemos, mas…
Este Ser Missão na linha da frente, deixa-nos com vontade de nos indignarmos contra Tudo e contra Todos…
Este Ser Evangelizador e  «Beber o cálice»que o nosso Salvador bebeu 
SEM«a glória de nos sentarmos um à direita e outro à esquerda»é o que nos trama a vontade de poder Ser Rocha e Ser Areia!

Como eu queria dizer: “Rendo-me, Senhor à Tua Vontade e quero Ser missão!”
Ser aqui, neste velhinho continente, na nossa Europa, Amor sem condição!
Ser do outro lado do mar, nas Américas, humildade infinita!
Ser aqui ao lado, na Ásia, Justiça ao partilhar o Pão!
Ser lá bem longe, na Oceânia, Esperança a desabrochar no nosso Deus!
Ser no coração do mundo, nesta África tão maltratada, Redenção e Alegria!
Ser o que Tu, Jesus, queres que eu seja… Sem esperar “um lugar”! 
Ser… apenas Ser! E… Partir em Missão!

Liliana Dinis
-  conferir ainda a Mensagem do Santo Padre para este dia:
https://w2.vatican.va/content/francesco/pt/messages/missions/documents/papa-francesco_20180520_giornata-missionaria2018.html

XXIX DOMINGO COMUM (21 Outubro 2018)

Uma nova proposta

«Concede-nos um lugar na tua glória», pediram-lhe, como se nada fosse, os ambiciosos discípulos, Tiago e João, na subida para Jerusalém. Jesus tinha anunciado, pela terceira vez, um amanhã sombrio, marcado pela violência, a tortura e a morte. À semelhança do servo de Deus, na perspetiva do profeta Isaías, Ele ia oferecer a vida como «sacrifício de expiação» para «justificar a multidão de homens e mulheres». Sem entender o projeto do Mestre, receosos mas também expectantes, os discípulos discutem os lugares de honra e de governo num reino que havia de se estabelecer. Há entre eles cenas de ciúmes. Rivalizam entre si para alcançar a “pole position”.

A natureza humana tem estas armadilhas. E não nos dá descanso. Empurra-nos para pequenas guerras, faz-nos entrar competição constante, estica a corda através da qual medimos a distância entre o que somos e o que sonhamos ser, onde estamos e para onde desejamos ir, tendo, por vezes, o vizinho como critério de comparação. Cansamo-nos nestas correrias até um dia… talvez nesse dia, mudemos o paradigma.

Nesse dia, percebemos que o homem aperfeiçoou as técnicas para alcançar os primeiros lugares, os lugares de destaque, o topo de hierarquia. Desde o berço, fomos formatados através da linguagem do prémio e do castigo, da gratificação e da frustração, para «dar tudo» até ocupar «o cargo», «para mandar e ganhar muito» para ser famoso. As crianças, as mais belas caixas de ressonância do mundo, depressa sabem que os adultos ocupam diferentes lugares na hierarquia social. Sabem ainda que «ganhar muito e ter poder» mobiliza muita gente.

É fácil entrar nesta engrenagem. Difícil é resistir propondo, mesmo que seja em pequena escala como nos espaços eclesiais, modelos alternativos de relação e de governo em que o mais importante é o bem comum. Esse bem exige uma atitude de serviço e todos os serviços são dignos e socialmente valorizados. 
Entre os discípulos de Jesus a motivação é estranhamente diversa. Resistimos a ser subjugados pela natureza, mesmo quando reconhecemos que o espírito de Tiago e João faz-nos sonhar com carreiras extraordinárias, percursos de poder, lugares idílicos, mas longe do Mestre.

Estranha esta lógica «ser servo para ser grande», «ser pobre para ser rico».

P. Nélio Pita

XXIX DOMINGO COMUM B


domingo, 14 de outubro de 2018

Início da Catequese - UMA FELIZ TARDE E UM FELIZ DIA

Creio que não há maior 'riqueza' que a partilha de gerações, na alegria contagiante dos mais pequeninos e dos mais jovens, na Sabedoria duma Palavra que ilumina e guia por 'sendas direitas', no testemunho da fraternidade, na entreajuda, na disponibilização para se colocar ao 'serviço dos outros' (que não nos são nada por afinidade física e que nos são tudo pelos valores que nos unem), nos que prepararam mais de perto e (com beleza) as celebrações e os convívios, na oração...Foi uma feliz tarde, umas felizes manhãs!

Foi uma bela tarde em Mira de Aire
13 de Outubro




























Foi uma bela manhã em Alvados, 14  de Outubro









Foi uma bela manhã em São Bento, dia 14 Outubro

















Quando vivemos alegrias em conjunto - uns com os outros - elas redobram e duplicam! Começámos uma nova etapa na Catequese. Agora avancemos com dedicação, perseverança, e rezando uns pelos outros. O 'tesouro' no céu espera-nos se o merecermos aqui na terra.

sábado, 13 de outubro de 2018

XXVIII DOMINGO COMUM B (14 de Outubro 2018)

               Os obstáculos ao seguimento de Jesus
Não basta cumprir a lei. Para seguir o Mestre é necessário que o discípulo seja livre. Porque há bens que escravizam, como há ideias que amarram ou recordações que bloqueiam. Jesus exige que o discípulo esteja disponível.
Por isso, «vai vender o que tens, dá o dinheiro aos pobres…». A reação é de desalento. O homem não é capaz de ir tão longe. O rico não está habituado a ceder. Deseja a vida eterna, mas é incapaz de remover o obstáculo que o impede de alcançar. E a recorrente tentação de querer conciliar a acumulação obsessiva de bens com o seguimento é denunciada pelo Mestre: «Como será difícil para os que têm riquezas entrar no reino de Deus!».
Tantas vezes nos colocamos diante de Jesus e manifestamos-lhe o desejo de alcançar um Bem Maior, aqui e agora, mas nem sempre estamos disponíveis para acolher as exigências que Ele nos faz. Por vezes, enganamo-nos a nós próprios, convencendo-nos de que fizemos tudo o que esteve ao nosso alcance quando, na verdade, contornamos subtilmente as palavras duras, amolecemos o divino desafio adaptando-o às nossas ambições, tal como aconteceu com a princesa do conto do Tchékhov.
De visita ao mosteiro, ela desejava fazer a experiência da eternidade. Mas nesse lugar sagrado, onde anseia «instalar-se para sempre, onde a vida parece ser serena e despreocupada», a paz é perturbada pelo diálogo inesperado com um antigo funcionário. O velho médico, por sugestão da nobre senhora, enumera os erros que estão na origem de uma vida infernal: ela despreza os outros, explora os trabalhadores e até promove obras de caridade por vaidade e para se promover socialmente. Fá-lo com a naturalidade de quem julga que esse modo de vida é um direito garantido pelo seu estatuto. Enfim, deseja estar em paz com Deus, mas tem repugnância das pessoas. Subjacente a esta postura rígida, própria de quem não cede nada, está uma perspetiva distorcida da experiência religiosa, entendida, por um lado, como mero cumprimento de rituais e, por outro, como vivência encapsulada de uma paz sem a exigência de olhar e cuidar do outro, o fragilizado, o pobre, o doente, o marginalizado.
Se este tempo tem uma marca, é a da tentação constante de reduzir a experiência de fé à repetição de rituais e de rotinas cunhadas como “sagradas” por um lado e, por outro, pela multiplicação de propostas de cariz espiritual que pretendem garantir uma experiência de eternidade, rápida e satisfatória, a baixo preço, como se a eternidade fosse um produto comercializável, suscetível de ser consumido sem a obrigação de sair de si mesmo para amar e servir o outro.
Estas propostas são enganosas. São falsas. São contrárias ao espírito do Evangelho na medida em que promovem o alheamento da realidade distanciando o homem dos dramas deste mundo. São piedosas fugas que não nos identificam com o Mestre que se fez pobre e nos desafia a segui-lo incondicionalmente.
P. Nélio Pita, CM