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domingo, 4 de outubro de 2015

UMA CARTA AOS PAIS E FAMILIARES DA CATEQUESE

no início do ano de catequese
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Aos pais e familiares


Caros Pais e familiares do (a)...
H

oje é um dia bem significativo para o (a) vosso(a) filho(a). Espero que estas palavras que vos dirigimos, como sacerdotes e também em nome dos catequistas, possam iluminar e fortalecer a vossa decisão de ‘vir’ e acompanhar o fruto do vosso amor – os filhos - a esta casa, á qual chamamos Igreja. Mesmo que não vo-lo digam e, por vezes, até vos ‘ponham os nervos à flor da pele’ por causa da catequese e da Missa, acreditem que é uma decisão acertada. Em vez de – como infelizmente também vemos aqui na terra – os deixardes andar ‘meios’ perdidos, e ao ‘deus dará’, é muito bom, fazer todo o que vos for possível para lhes permitir este conhecimento dos valores cristãos e da ‘boa nova’ de Jesus. Não tenham medo de ser um pouco exigentes… o importante é caminhar com eles!
P
ermitam-me partilhar convosco as palavras de P. (Card.) Gianfranco Ravasi. Cada um de vós as entenderá e assimilará como bem entender, mas creio que são palavras sábias e que vos podem ajudar a olhar a vida dos vossos filhos ainda com mais atenção e amor, inculcando-lhes valores que sejam ensinados mais com o exemplo do que com palavras: “Os vossos filhos não são vossos filhos. Eles não vêm de vós, mas através de vós, e não vos pertencem, ainda que vivam juntos. Podeis amá-los, mas não constrangê-los aos vossos pensamentos, porque eles têm os seus pensamentos. Podeis guardar os seus corpos, mas não as suas almas: com efeito, elas habitam em casas futuras que vós nem sequer em sonho podereis visitar. O poeta libanês Kahlil Gibran (1883-1931) sabe muitas vezes exprimir de modo leve e vivido alguns sentimentos radicais. É o caso destas linhas extraídas da sua obra mais conhecida, “O profeta”. A pessoa nunca pode ser possuída, nem sequer no caso do filho. Toda a criatura é sempre uma surpresa, fruto da infinita “fantasia” do Criador, ainda que guardando dentro de si a marca fisiológica dos pais. Neste sentido, a educação é, sim, importante, como o é a família. Todavia, o destino de um filho nunca será o fruto puro e simples do contexto em que viveu, nem tampouco a ‘concretização’ dos sonhos e das expectativas dos pais.
Os pais, por isso, comprometam-se com todas as forças para fazer brilhar valores e capacidades dos seus filhos, mas estejam prontos – como Maria e José, ainda que o seu caso tenha sido absolutamente irrepetível – a aceitar o caminho que tomarem, diferente do esperado por eles. E se realizaram o seu dever de guias e educadores, não se culpem angustiadamente perante o fracasso humano e espiritual de um seu filho, conscientes da liberdade e responsabilidade última de cada pessoa”.
Os monges russos, têm uma imagem de Maria que remete para o aconchego: «dizem que nos momentos de angústia espiritual, devemos andar debaixo do manto da Santa Mãe de Deus e assim ela nos acolhe e nos protege e toma conta de nós».
É por isso que também dizemos que a Igreja – da qual todos fazemos parte viva e integrante - é ‘mãe’. E é da maternidade de Maria que nasce a «maternidade da Igreja»: «A Mãe Maria e a mãe Igreja sabem acariciar os seus filhos, dão ternura. Pensar a Igreja sem esta maternidade é pensar numa associação rígida, uma associação sem calor humano, órfã». «A Igreja é mãe e recebe-nos a todos nós como mãe; Maria mãe, a Igreja mãe», maternidade que se «exprime nas atitudes de humildade, de acolhimento, de compreensão, de bondade, de perdão e de ternura». É por isso que ela privilegia a catequese, o encontro com Cristo na Eucaristia, os momentos de convívio e partilha, a oração!
O
 Papa Francisco – de quem certamente gostais bastante  - disse há poucas semanas, «onde há maternidade e vida, há vida, há alegria, há paz, cresce-se em paz»; pelo contrário, quando falta a maternidade «apenas permanece a rigidez, a disciplina, e não se sabe sorrir. Uma das coisas mais belas e humanas é sorrir a uma criança e fazê-la sorrir». Neste Ano, ao qual o Santo Padre resolveu chamar ‘jubilar’ ou ‘Santo’, aproveitem – caros pais e familiares – para saborear até ao máximo a beleza duma fé que tem uma ‘fonte’ – Deus – cheia de ternura e misericórdia. Não se assustem com os fracassos, assustemo-nos sim quando não tivermos a ‘sabedoria’ para os reconhecer e ‘dar a volta’, nem que para isso seja útil e belo passar pela ‘porta santa da misericórdia’. Ireis ouvir falar disto várias vezes e, com os vossos filhos, podereis experimentar pessoalmente a profunda alegria de ser instrumentos de vida nova.

N
 O início deste ano proponho, a vós e a toda a nossa comunidade, duas coisas: não deixem apenas à (ao) catequistas a tarefa de educar na fé e conversem com eles, sem receio, sempre com a consciência de que eles, os catequistas, não são ‘peritos’ ou substitutos, mas apenas (e já é muitíssimo) cristãos que dão algum do seu tempo e da sua sabedoria na fé!  

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