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quinta-feira, 4 de março de 2021

DAR SANGUE - Recolha de Sangue (Mira de Aire)

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Um belo testemunho. A ler. Aconteceu há poucas semanas:

Houve quem esperasse cinco horas.”
Cinco horas? Cinco horas?… É obra. O motivo devia ser forte, a oportunidade interessante, apelativa. Ou então a necessidade muita. Cinco horas à espera, é preciso ter paciência.
“A fila chegou a dar a volta ao edifício.”
Grande fila, de facto. Quase um quarteirão dela. E com grande variedade de gente.
“Na fila havia pessoas de todas as idades, mas sobretudo jovens.”
Muitas pessoas. De todas as idades. E sobretudo jovens, de quem se costuma dizer que não têm grande paciência para passar horas em filas. E nesta altura nem há festivais de Verão ou concertos de Arena para comprar bilhetes. Nem nada para receber de graça.
“Cheguei às 10h30 e só saí às 15h45. (…) Foram cinco horas de espera em pé, sem comer, ao frio e à chuva, mas não desisti.”
Cinco horas de espera, ali, firme, ao frio e à chuva, com a fome a apertar, mas não importa. Muito tempo, muito desconforto, mas “não desisti”.
Como? Onde? Porquê? Mas o que é que se passa?… Tantas horas, tanta espera, tanta paciência, tanta insistência… Porquê? Para quê?… Foi por exemplo
“… o caso de José Agapito, 23 anos, que viu o apelo nas redes sociais e decidiu dirigir-se ao IPST. Vem dar sangue pela primeira vez. Chegou por volta das 11h40 e deparou-se com uma fila imensa.”
Dar sangue. Dar sangue!
“Patrícia Costa, de 24 anos, aguarda para dar sangue há cerca de quatro horas.”
Dar sangue. Há quatro horas na fila. À espera. À espera para dar. Para dar sangue.
“A tarde já vai a meio e o sol começa a baixar, Gonçalo Rodrigues, de 20 anos, é o último da fila. Está pronto para esperar? Resposta com convicção: “Sim”. Tem mais de 100 pessoas à sua frente…”
Grande fila, 100 pessoas à frente, o sol a baixar, vai esperar? “Sim”. Vai esperar, sim. Esperar a sua vez de dar.
“(…) olha para trás e diz: “É realmente impressionante a solidariedade. Emocionei-me quando aqui cheguei e vi tantas pessoas.”
Tantas pessoas, o José de 23 anos, a Patrícia de 24, o Gonçalo de 20, tantas outras, tanta gente, tanta fila, tanta espera, tanta paciência, tanto empenho, tanta serena caminhada à volta do prédio, aguardando apena a vez. A vez de dar. De dar sangue.
Ouviram apelos, viram mensagens, perceberam que alguém chamava nos jornais, nas televisões, no Instagram e no Facebook e no Twitter, e responderam à chamada, sim, iam dar sangue.
 “O Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST) considerou ‘extraordinária’ a adesão dos portugueses ao apelo”

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